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De uma maneira muito ampla e imprecisa, penso que a Ética é o exercício da reflexão sobre como podemos conviver melhor. Neste aspecto, refletir sobre a moral é uma de suas faces. Viver junto não tem uma grande tabela que nos diz o que podemos e o q
11-03-19
De uma maneira muito ampla e imprecisa, penso que a Ética é o exercício da reflexão sobre como podemos conviver melhor. Neste aspecto, refletir sobre a moral é uma de suas faces. Viver junto não tem uma grande tabela que nos diz o que podemos e o que não podemos fazer.
A complexidade do momento atual, a falência dos grandes sistemas de explicação da realidade, a tecnologia que avança a cada dia sobre o ambiente, sobre nossa privacidade e sobre nossa genética, nos impõem novos desafios e novas formas de convívio. Vivemos um tempo de rupturas em nosso conhecimento de mundo e, por conseguinte, em nossa forma de agir e transformar o mundo.
As ‘minorias’ (que não são numéricas, mas minorias em relação ao poder) gritam com suas vozes até agora sufocadas, e – ao menos em minha visão – precisam de toda ajuda possível para que produzam suas próprias emancipações – é bem sabido, não emancipa-se ninguém; cada um deve emancipar-se a si mesmo, mas toda a ajuda do mundo é bem-vinda... a cada emancipação de um indivíduo ou de um grupo, é toda a sociedade que ganha com isso.
Vivemos um tempo no qual não podemos mais aceitar práticas racistas e sexistas, sejam elas em quaisquer direções ou de quaisquer pessoas. É preciso que ajamos, mas estamos como que perdidos num tiroteio de opiniões, frases, posts, e verdades líquidas. Neste ambiente de incerteza pulsante surgem os mestres das receitas prontas para a vida, os livros de autoajuda, os líderes autoritários, a busca por fórmulas e por ‘pulso forte’.
Qual é o papel da Educação neste processo, o que nos cabe como educadores que somos/podemos ser em cada uma de nossas profissões?
Qual é o papel da Ética neste processo, aliás, o que é mesmo a Ética, essa palavra-chave que é sempre invocada quando a Moral não dá mais conta de resolver o convívio em determinado tempo?
Não há pseudossoluções: o mundo da intelectualidade-fórmula (ou o mundo dos ‘cinco’ passos para o sucesso, para o amor, para a riqueza) não é um mundo factível, pois cada ser humano é uma singularidade, não há dois casos iguais. Assim, a Moral que até aqui nos conduziu está em franco desmoronar. E ainda bem... pois era uma moral racista e sexista, imposta por uma matriz hegemônica de pensamento e de ação patriarcal, branca, masculina e cristã. Há outras formas de organização que não a patriarcal, há outras cores tão humanas que não a branca, há tantas outras realidades que não o binômio MASCULINO <> feminino... há outros lugares no mundo (que não a Europa, os EUA, as cidades grandes do globo) que existem e que, sim, valem à pena!
Neste sentido, no do tempo em que vivemos, esse tempo que é um intervalo entre o que era, o que já foi e aquilo que está a se anunciar como possibilidade, surge mais que nunca a necessidade de entendermos o que é a Ética e como ela pode nos ajudar a pensar, entender, agir, refletir, sentir nova vida no convívio com nossos Outros. Vivemos num tempo no qual a Moral assim constituída não dá mais conta de prover as respostas aos dilemas postos e ao mesmo tempo ainda não temos uma nova Moral e nem sei se teremos daqui para a frente a mesma (ilusão de) segurança que já tivemos um dia.
Essa reflexão sobre a Moral vigente e essa ação refletida (e renovada) que chamamos de Ética é nossa arma contra nossos preconceitos, contra nossa ingênua (e porque ingênua) perigosa visão de mundo. Essa visão de mundo é a visão que nos ensinaram a ter, na escola, na igreja, na empresa. É uma visão de mundo que privilegia uns e coloca outros à margem.
A Ética é uma arma que pode nos ajudar a não aceitar como verdade as ideias dominantes e os poderes ora estabelecidos; que pode nos ajudar a compreender melhor os significados do mundo (e, principalmente, dar significados ao mundo), um exercício que nos ajuda a tornarmo-nos mais conscientes de nós mesmos e, buscar a felicidade para todos nós.
Se a Moral é o conjunto de regras, princípios, valores, prescrições e exortações que regem uma sociedade, a Ética não é nada disso. A Ética, como parte da filosofia, investiga os princípios do comportamento humano, busca elaborar reflexões sobre esse conjunto de regras, princípios, valores, prescrições e exortações. E, não para aí, ela exige de nós uma ação que seja compatível com essas reflexões.
A Ética estuda os grandes temas da humanidade, o convívio com o diferente, a liberdade, a responsabilidade, a questão de nossas decisões como indivíduos e como sociedade. A Ética não cria a moral, ela a investiga – ela investiga o fenômeno moral que JÁ EXISTE e está em curso.
Continuamos este assunto? Aguardem novidades, então!
Você tem interesse em Ética? Em saber mais sobre Ética? Então junte- se a nós no Grupo de Estudos sobre Ética e Educação.
Prof. Dr. Helio Hintze
Educador e Filósofo / Palestrante e Consultor do Projeto Fazer Pensar da Usina do Conhecimento Educador do Projeto Sabores & Saberes: Educação para o Gosto Consultor Associado GKS Consultoria Atuou como Professor Universitário em diversas Universidades: UFSCAR - Sorocaba, UNIMEP Piracicaba, SENAC, Uniararas
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